sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A morte, a nossa melhor Amiga



Carta Formativa:
A morte, a nossa melhor amiga
De: Rafael da Silva Ferreira


Quantas pessoas hoje tem medo de morrer? Quantas pessoas tem uma visão totalmente distorcida sobre a morte, vendo ela como a sua pior inimiga, sendo que ela é ao contrário de tudo que nós pensamos. Infelizmente a nossa cultura nos leva a pensar que a morte é uma das piores vilãs, sendo que somos educados desde criança a essas crenças malévolas, ao olharmos para ela como um ser frio, com seu cajado pontudo e afiado, com suas vestes negras e com o seu rosto dos mais esquisitos e estranhos que de algum modo levam a nos temer, principalmente as nossas crianças em geral. Já nos adultos, devido a nossa consciência ser intencional, imaginamos muitas coisas que nos faz temermos e ao mesmo tempo nos perguntarmos para onde iremos? O que encontraremos após a morte? 

A igreja nos ensina que devido ao pecado original, o homem deve sofrer a morte corpórea, como diz no livro do Gêneses ‘’ Mas não coma da árvore do conheci­mento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certa­mente você morrerá" (Gn 2,17). Mas há dois tipos de morte, uma é essa a morte corpórea e a outra é a mais terrível de todas que está escrito nas cartas de São Paulo: “o salário do pecado é morte” (Rm 6, 23), ou seja a condenação eterna, sem estar na presença de Deus. Jesus mesmo já nos dizia no evangelho de São João: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo11,25), essa morte como cita nas cartas de São Paulo e também no evangelho de São João são as mesmas mortes, a de não estar na presença de Deus, sendo que Jesus nos traz essa esperança de que quem crer Nele terá a vida eterna.


A Morte Corpórea 

Mas venho aqui falar não da morte eterna, mas sim a morte que nos leva até Deus, ou seja a corpórea. Como mencionei, muitos sentem medo devido aos ensinamentos errados que aprendem ao longo da vida. Mas a minha meditação, deixarei para um grande santo e doutor da Igreja, falo de Santo Agostinho que desde o século V já sabia abertamente o que era a morte corpórea. Santo Agostinho descreve: ´´ A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho. Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi´´.

Santo Agostinho ao falar da morte, menciona como um nada, mas que ao mesmo tempo, ela se torna útil na vida do homem, porque somente ela nos leva ao outro caminho, o caminho eterno onde se encontra a verdadeira felicidade. Nada mudará, continuarei sendo o que sou para vocês, ou seja, a morte não nos tira nada, mas pelo contrário ela nos dá o tudo, o de estar na presença do tudo que é Jesus.

Como Santo Agostinho, falo abertamente que a morte não é a nossa inimiga e sim a nossa melhor amiga. Melhor dizendo, imito as mesmas palavras que São Francisco de Assis já mencionava ´´ Irmã morte´´, sendo que de fato ela é mais do que uma amiga. É através dela que somos levados até ao nosso esposo, Jesus Cristo, que nos acolhe em seus braços. Falo abertamente que devemos tratar a morte como a nossa verdadeira irmã, que com caridade nos tira desse mundo e nos leva até ao encontro do Pai, devemos acolhe-la verdadeiramente como uma grande irmã que é enviada pelo Pai Celeste, que deseja livremente nos encontrar.

A morte é nossa irmã que no qual não devemos temer e sim amar verdadeiramente, aceitando a sua visita como se fosse a visita de um anjo que está disposto a nos levar até o Cristo. Não devemos ter medo de morrer, porque se tivermos esse medo não saberemos experimentar o gozo e a felicidade de estar em Deus e com Deus. Somente através da nossa querida irmã morte, poderemos estar no céu, porque somente ela saberá o caminho que nos leva a essa vivencia fantástica que tanto nos espera.  É ela que nos tira as nossas verdadeiras dores, que tanto nos angustia. Os santos souberam acolher verdadeiramente a morte, aceitando-a com doçura, souberam plantar os frutos eternos e assim colher em sua eternidade.

O papa João Paulo I menciona a seguinte frase: ‘‘O tipo de retiro que gostaria neste momento seria uma boa morte’’, ou seja, somente ela nos dará o descanso eterno ao lado de Jesus, somente ela que nos tira deste mundo e nos oferece o verdadeiro repouso que nos é prometido. Falo verdadeiramente e de coração sincero; ai de mim se não fosse a minha querida irmã morte, como chegaria até Jesus se não fosse por ela? Não saberia o caminho até o céu, se não fosse ela a me conduzir; o que seria de mim sem essa irmã tão amável e tão caridosa? Todos nós passaremos por ela um dia, por isso falo com o coração sincero, acolhemos ela como se deve, as melhores honras possíveis, porque através dessa nossa irmã querida é que conquistaremos a coroa dos santos e dos justos, porque somente ela nos conduzirá até o verdadeiro esposo que é Jesus Cristo.  






Rafael da Silva Ferreira