Carta Formativa:
A morte, a nossa
melhor amiga
De: Rafael da Silva
Ferreira
Quantas pessoas hoje tem medo de morrer? Quantas pessoas tem
uma visão totalmente distorcida sobre a morte, vendo ela como a sua pior
inimiga, sendo que ela é ao contrário de tudo que nós pensamos. Infelizmente a
nossa cultura nos leva a pensar que a morte é uma das piores vilãs, sendo que
somos educados desde criança a essas crenças malévolas, ao olharmos para ela
como um ser frio, com seu cajado pontudo e afiado, com suas vestes negras e com
o seu rosto dos mais esquisitos e estranhos que de algum modo levam a nos
temer, principalmente as nossas crianças em geral. Já nos adultos, devido a
nossa consciência ser intencional, imaginamos muitas coisas que nos faz temermos
e ao mesmo tempo nos perguntarmos para onde iremos? O que encontraremos após a
morte?
A igreja nos ensina que devido ao pecado original, o homem
deve sofrer a morte corpórea, como diz no livro do Gêneses ‘’ Mas não coma da
árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente
você morrerá" (Gn 2,17). Mas há dois tipos de morte, uma é essa a morte
corpórea e a outra é a mais terrível de todas que está escrito nas cartas de
São Paulo: “o salário do pecado é morte” (Rm 6, 23), ou seja a condenação
eterna, sem estar na presença de Deus. Jesus mesmo já nos dizia no evangelho de
São João: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja
morto, viverá” (Jo11,25), essa morte como cita nas cartas de São Paulo e também
no evangelho de São João são as mesmas mortes, a de não estar na presença de
Deus, sendo que Jesus nos traz essa esperança de que quem crer Nele terá a vida
eterna.
A Morte Corpórea
Mas venho aqui falar não da morte eterna, mas sim a morte que
nos leva até Deus, ou seja a corpórea. Como mencionei, muitos sentem medo
devido aos ensinamentos errados que aprendem ao longo da vida. Mas a minha
meditação, deixarei para um grande santo e doutor da Igreja, falo de Santo
Agostinho que desde o século V já sabia abertamente o que era a morte corpórea.
Santo Agostinho descreve: ´´ A morte não é nada. Eu somente passei para
o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu
continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como
vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou
vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a
rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por
mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem
nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre
significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora
que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro
lado do Caminho. Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e
bela como sempre foi´´.
Santo Agostinho ao falar da morte, menciona como um nada, mas
que ao mesmo tempo, ela se torna útil na vida do homem, porque somente ela nos
leva ao outro caminho, o caminho eterno onde se encontra a verdadeira
felicidade. Nada mudará, continuarei sendo o que sou para vocês, ou seja, a
morte não nos tira nada, mas pelo contrário ela nos dá o tudo, o de estar na
presença do tudo que é Jesus.
Como Santo Agostinho, falo abertamente que a morte não é a
nossa inimiga e sim a nossa melhor amiga. Melhor dizendo, imito as mesmas
palavras que São Francisco de Assis já mencionava ´´ Irmã morte´´, sendo
que de fato ela é mais do que uma amiga. É através dela que somos levados até
ao nosso esposo, Jesus Cristo, que nos acolhe em seus braços. Falo abertamente
que devemos tratar a morte como a nossa verdadeira irmã, que com caridade nos
tira desse mundo e nos leva até ao encontro do Pai, devemos acolhe-la verdadeiramente
como uma grande irmã que é enviada pelo Pai Celeste, que deseja livremente nos
encontrar.
A morte é nossa irmã que no qual não devemos temer e sim amar
verdadeiramente, aceitando a sua visita como se fosse a visita de um anjo que está
disposto a nos levar até o Cristo. Não devemos ter medo de morrer, porque se
tivermos esse medo não saberemos experimentar o gozo e a felicidade de estar em
Deus e com Deus. Somente através da nossa querida irmã morte, poderemos estar
no céu, porque somente ela saberá o caminho que nos leva a essa vivencia fantástica
que tanto nos espera. É ela que nos tira
as nossas verdadeiras dores, que tanto nos angustia. Os santos souberam acolher
verdadeiramente a morte, aceitando-a com doçura, souberam plantar os frutos
eternos e assim colher em sua eternidade.
O papa João Paulo I menciona a seguinte frase: ‘‘O tipo de retiro que gostaria neste
momento seria uma boa morte’’, ou seja, somente ela nos dará o descanso
eterno ao lado de Jesus, somente ela que nos tira deste mundo e nos oferece o
verdadeiro repouso que nos é prometido. Falo verdadeiramente e de coração
sincero; ai de mim se não fosse a minha querida irmã morte, como chegaria até
Jesus se não fosse por ela? Não saberia o caminho até o céu, se não fosse ela a
me conduzir; o que seria de mim sem essa irmã tão amável e tão caridosa? Todos
nós passaremos por ela um dia, por isso falo com o coração sincero, acolhemos
ela como se deve, as melhores honras possíveis, porque através dessa nossa irmã
querida é que conquistaremos a coroa dos santos e dos justos, porque somente
ela nos conduzirá até o verdadeiro esposo que é Jesus Cristo.
Rafael da Silva Ferreira
Rafael da Silva Ferreira
Ótimo texto! todos deveriam pensar assim! Como diz Paulo: "Não sou mais eu quem vivo, é Cristo que vive em mim" ... "Meu viver é benção, meu morrer é lucro"!
ResponderExcluirObrigado por ter lido
ExcluirMuito bom...
ResponderExcluirNunca tive medo da morte, da minha amiga e irmã morte. Assim seja Amém!
Muito bom Rafael .
ResponderExcluirMuito bom, que possamos a cada dia morrer pro mundo e viver pra Deus...
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